Tendências de observabilidade no Brasil: insights da nossa pesquisa localizada
As organizações no Brasil estão ansiosas para adotar algumas das últimas tendências e tecnologias de observabilidade, pois buscam manter seu software funcionando da melhor maneira possível, de acordo com a análise de uma micro pesquisa realizada recentemente pela Grafana Labs.
A observabilidade é um espaço em evolução, e esta é a primeira vez que a Grafana Labs realiza uma versão brasileira da nossa Pesquisa Anual de Observabilidade. Ela faz parte dos nossos esforços para entender melhor como as organizações estão adotando a observabilidade e compartilhar essas informações com a crescente comunidade da Grafana na região e no exterior.
Nesta publicação, vamos compartilhar os destaques dos resultados da pesquisa, incluindo:
- Como as organizações brasileiras estão lidando com tantas ferramentas e fontes de dados
- Os diferentes graus de maturidade no mercado e como isso está levando as empresas a adotar novas técnicas
- A importância do custo, da facilidade de uso e da IA na seleção de ferramentas de observabilidade, assim como a relevância da observabilidade nos níveis mais altos das empresas brasileiras
Continue lendo para saber mais sobre a observabilidade no Brasil e confira nosso painel interativo da Grafana, onde você pode analisar visualizações de estatísticas da nossa Pesquisa de Observabilidade global, que inclui muitos dos tópicos que discutiremos aqui e muito mais.
As organizações brasileiras lidam com muitas ferramentas de observabilidade e fontes de dados
As empresas dependem de ferramentas de observabilidade e fontes de dados, como métricas, registros e rastreamentos, para obter insights mais profundos sobre o comportamento de seus sistemas. E, à medida que esses sistemas se expandem e crescem em complexidade, isso muitas vezes pode se traduzir em equipes que usam muitas ferramentas e dados para obter uma visão mais holística.
E é isso que estamos vendo no Brasil, onde a esmagadora maioria das organizações (96%) usa várias tecnologias de observabilidade para ajudar a manter seus sistemas funcionando corretamente, e quase um quarto das organizações (24%) estão fazendo malabarismos com seis ou mais.
Além disso, 89% dos entrevistados dizem que estão unificando várias fontes de dados na Grafana (7% têm apenas uma e 4% não têm nenhuma fonte de dados configurada no Grafana). É mais provável que as organizações brasileiras tenham de 2 a 3 fontes de dados configuradas, mas algumas estão extraindo muito mais do que isso, com 1 em cada 10 organizações extraindo dados de mais de 20 fontes de dados e 5% usando mais de 100.

SaaS em comparação com autogerenciado e o papel dos padrões abertos
Então, como essas empresas estão lidando com todos esses dados? A maioria (56%) “geralmente” ou “apenas” gerencia suas próprias pilhas de observabilidade, o que pode apresentar alguns desafios reais quando você precisa lidar com ferramentas e fontes de dados diferentes e manter a infraestrutura subjacente. Isso está a par com o resto do mundo (58%), mas há algumas diferenças interessantes quando se trata do uso de SaaS.

Como você pode ver no gráfico acima, os brasileiros são mais propensos a dividir sua configuração entre SaaS e autogerenciados, enquanto o resto do mundo está mais inclinado a se inclinar mais para o SaaS. As organizações recorrem ao SaaS para transferir a gestão da plataforma subjacente para um fornecedor de observabilidade, como a Grafana Labs, para que possam se concentrar em melhorar a integridade e a resiliência de seus sistemas. O resto do mundo está cada vez mais se movendo para o SaaS, de acordo com nossa Pesquisa de Observabilidade global de 2025, por isso será interessante ver se o Brasil segue o mesmo padrão nos próximos anos.
Outro fator importante para a adoção da observabilidade é o uso de software de código aberto e padrões abertos para facilitar o movimento e a unificação de vários tipos de dados. Não é surpresa ver as organizações brasileiras priorizando padrões abertos em seus próprios fluxos de trabalho. No total, 60% estão “geralmente” ou “apenas” usando licenciamento de código aberto, e outros 21% estão igualmente divididos entre OSS e licenças comerciais. E a maioria está usando Prometheus (71%) e OpenTelemetry (61%) em alguma capacidade (em ambos os casos, isso inclui entrevistados que disseram que estavam “investigando”, “construindo um POC”, “usando em produção”, “usando extensivamente” ou “usando exclusivamente”).
Prometheus e OpenTelemetry são fundamentais para manter padrões abertos na observabilidade que ajudam as equipes a centralizar e padronizar sua telemetria. O Prometheus é o mais estabelecido dos dois, por isso faz sentido que tenha mais adoção. À medida que acompanhamos as mudanças no mercado brasileiro no futuro, será interessante ver se o OpenTelemetry, que está rapidamente se tornando outro padrão de fato no espaço de observabilidade, acabará alcançando o Prometheus.
As equipes brasileiras estão em diferentes níveis de maturidade de observabilidade
A maturidade do mercado brasileiro de observabilidade é um pouco confusa. Por exemplo, apesar do grande número de ferramentas e fontes de dados em uso, assim como do compromisso com configurações de código aberto e autogerenciadas, as organizações brasileiras não são tão propensas a usar o que nós da Grafana Labs consideramos a abordagem mais madura para a observabilidade.
Tendemos a favorecer uma abordagem sistemática e centralizada que possa antecipar problemas e incorporar a observabilidade em todas as etapas do ciclo de vida do software. Além disso, a observabilidade precisa ser capaz de ser dimensionada para que as melhores práticas sejam disseminadas por toda a organização.
Os entrevistados no Brasil que disseram que estão usando observabilidade centralizada tiveram entre 15% e 40% de economia em seus custos de observabilidade. Ou, como disse um membro da equipe de plataforma de uma pequena empresa brasileira de software e tecnologia, a observabilidade centralizada proporciona “maior agilidade na identificação e resolução de problemas ou na prevenção deles, liberando horas que, de outra forma, seriam gastas na correção e/ou resolução deles”.

Como você pode ver no gráfico acima, a abordagem de “observabilidade centralizada (suporte)” se alinha mais de perto com esse ethos, mas há um delta de 10 pontos percentuais entre o Brasil e o resto do mundo quando se trata de adoção.
Organizações brasileiras favorecem FinOps e SLOs
E, no entanto, os entrevistados da nossa pesquisa brasileira estão mostrando muito mais interesse em técnicas emergentes que têm o potencial de ser parte integrante de uma abordagem holística da observabilidade.

Ao olhar para a comparação acima, você verá que as organizações brasileiras são muito mais propensas a usar SLOs em alguma capacidade (“investigando”, “POC”, “em produção”, “usando extensivamente”, “usando exclusivamente”) do que o resto do mundo (93% em comparação com 73%). O mesmo vale para o FinOps (85% em comparação com 55%).
Vemos os SLOs como uma estrutura importante para definir e alcançar metas de confiabilidade. Quando perguntamos sobre o resultado mais importante que essas organizações esperam alcançar, a resposta mais comum foi reduzir o tempo médio de resolução (44%), seguida por uma melhor responsabilidade (22%) e redução do ruído de alerta (21%).
Enquanto isso, a FinOps é uma área emergente que pode ajudar você a entender e gerenciar melhor seus controles de custos. Estamos interessados no potencial das FinOps aqui na Grafana Labs, pois recentemente adotamos a FinOps Open Cost and Usage Specification (FOCUS), um padrão aberto orientado pela comunidade para dados de faturamento em nuvem, e ficamos animados ao ver o aumento do foco nas FinOps no Brasil.
Desafios (e soluções) pavimentam o caminho a seguir
Em última análise, todas essas ferramentas e técnicas só são verdadeiramente úteis se realmente ajudarem você a superar os obstáculos que impedem que os sistemas modernos distribuídos operem sem problemas. Em seguida, vamos ver como isso está acontecendo no Brasil.

Para começar, a complexidade (41%) é a maior preocupação com a observabilidade, o que faz sentido considerando o número de ferramentas e fontes de dados que estão gerenciando, assim como a dependência de pilhas autogerenciadas. A complexidade também foi a preocupação mais citada para o resto do mundo (39%), por isso parece ser um problema quase universal no espaço de observabilidade hoje.
No entanto, o mercado brasileiro é muito mais propenso a citar “convencer a gestão sobre o seu valor” como uma das principais preocupações em comparação com o resto do mundo (34% em comparação com 23%), embora seja menos provável que se preocupem com a adoção interna (18% em comparação com 24%). Isso pode explicar por que eles são mais propensos a adotar SLOs e FinOps, uma vez que são capazes de fornecer evidências quantificáveis dos benefícios das práticas adequadas de observabilidade.
No entanto, “CTO/C-suite” foi a resposta mais citada (36%) quando perguntamos sobre o nível mais alto em que a observabilidade é considerada crítica para os negócios, o que é realmente maior do que o resto do mundo (33%).
Outras preocupações apontam para a falta de maturidade em comparação com o mercado global. A falta de processo (25%) e cultura (23%) foram os desafios mais comuns em comparação com o resto do mundo, apontando para a necessidade de mais maturidade e SLOs. Elas também são muito menos propensas a citar a fadiga de alerta como o maior obstáculo (21% em comparação com 33%).

As empresas brasileiras estão priorizando o custo e a facilidade de uso na observabilidade
Então, como as equipes estão enfrentando esses desafios? O custo (77%) e a facilidade de uso (64%) são as maiores prioridades ao selecionar uma nova tecnologia. O resto do mundo também citou essas como suas duas principais prioridades, embora a uma taxa ligeiramente menor em geral (74% e 57%, respectivamente). Aqui também podemos ver a importância contínua de ferramentas e padrões abertos, com os próximos dois critérios mais altos sendo a interoperabilidade (45%) e ser baseado em OSS (40%).

Onde o mercado brasileiro mais diverge do resto do mundo é na importância dos critérios de IA/ML, com 27% citando isso como uma prioridade, em comparação com apenas 19% do resto do mundo. E quando perguntamos como eles gostariam de ver isso implementado na observabilidade, 64% disseram que colocariam alertas baseados em treinamento em sua “lista de desejos de IA/ML”. Esta foi a resposta mais comum, seguida por uma análise de causa raiz mais rápida e automatizada (49%).
Como todos vimos, o mercado de IA está muito dinâmico no momento, por isso, acompanharemos essas tendências de perto no próximo ano.
Sobre a pesquisa
Esta pesquisa foi realizada no ObservabilityCON on the Road em São Paulo no final do ano passado. (E vamos voltar novamente este ano! Saiba mais sobre o nosso evento de 4 de novembro em São Paulo.) No total, 127 pessoas participaram em uma variedade de dados demográficos:
- Função: os entrevistados trabalhavam em mais de uma dúzia de funções diferentes, desde colaboradores individuais até executivos. As funções mais comumente citadas foram SRE (28%) e equipe de plataforma (20%).
- Setor: os participantes vieram de 17 setores diferentes, com software e tecnologia (33%) representando a maior participação, seguido por mídia e entretenimento (28%).
- Tamanho: empresas de todos os tamanhos foram representadas na pesquisa, sendo as mais comuns aquelas com mais de 5 mil funcionários (35%).
Nossa terceira Pesquisa de Observabilidade anual, que continha muitas das mesmas perguntas, foi realizada globalmente e contou com respostas de 1.255 profissionais do setor. Para saber mais, confira o relatório principal, assim como o painel interativo e nossa análise aprofundada dos resultados da pesquisa.